domingo, 16 de setembro de 2007

Sandro Perri - Tiny Mirrors (Constellation, 2007)


Costumo pensar em como seria um disco ideal de música cancioneira brasileira feito nesta década. Nenhuma dessas cantoras da nova safra da mpb-cool-moderna me agradam, acho todas monótonas e insípidas. Muita pose, muito fashionismo, muito déjà-vu; pouca alma, pouca sinceridade, pouca inspiração. Da parte masculina, então, tirando o Rómulo Fróes, desconheço qualquer que valha a pena analisar. Invariavelmente, me frustro, e acabo deixando de lado a esperança de ver o que idealizo.

Eis que chega a mim o disco de estréia do Sandro Perri, Tiny Mirrors. Não precisei ouvir mais de duas músicas para sentir que estava diante de uma das melhores surpresas de 2007. Sandro Perri é mais conhecido por seu outro projeto, Polmo Polpo. Ambos são da Constellation Records, mas o Polmo Polpo é bem mais típico da gravadora: cinzento, experimental e sem vocais. Uma prévia desse novo projeto foi o EP Sandro Perri: Plays Polmo Polpo, onde ele adicionou vocais à antigas músicas e deixou-as com um sabor mais digerível.

Tiny Mirrors é tudo aquilo que eu imaginava que um novo disco perfeito de mpb deveria ser. Não é cheio de complexidades, pelo contrário, soa simples demais. Tão simples, que possivelmente exigiu um trabalho muito maior para poder alcançar essa simplicidade arrojada. O único problema é que Sandro não é brasileiro, mas canadense e canta em inglês, elementar. Devo ficar triste por isso? Não! Que venham mais Sandros, australianos, finlandeses ou russos. Algo tem que compensar essa fase ruim da música brasileira atual, que vive de seus fantasmas gloriosos e não desgarra de suas cinzas.

O disco é perfeito para ser ouvido do início ao fim, sem perder nada de sua delicadeza e melancolia. Eu ouço "You're the one" e penso que poderia facilmente ter sido feita por Lô Borges. Tente você mesmo e ouça "Family Tree", "Love is Real" ou "The Drums" e perceba se consegue não pensar em algum compositor brasileiro correspondente a cada uma delas.

Sandro tomou um vidro de melado dos bons e deixou a acidez do Polmo Polpo de lado, por um tempo, pra criar um dos mais bonitos discos lançados neste ano. Quem ganhou fui eu!

2 comentários:

Cláudio Silvano disse...

lindo o blog! Continue com ele, dessa vez. :)
beijos

L disse...

Gracias. I did not know Sandro Perri. Thanks for taking the time to make this available. - LD