domingo, 30 de setembro de 2007

Quatro constatações




1.
Estava ouvindo agora Soft Pillow Kisses, e só conseguia pensar em uma coisa: a água das Filipinas só pode ser a mesma da Suécia. Nunca vi um lugar tão improvável ter uma cena indiepop tão sólida e de qualidade.

2.
Alguém, por favor, dê muito dinheiro para que o diretor deste filme possa lançá-lo comercialmente!!! Como eu queria assistir a esse documentário.



3.
Faça um favor a você e ouça a faixa "Winter Coat" do Umlaut, aqui no myspace mesmo. Ah, a banda lançou um single e acabou.

4.
Eu quero que o novo álbum do Radiohead se perca no meio do espaço-tempo. Ô bandinha pra ter fã que sintetiza o máximo da maletice alheia. Sim, estou considerando que há exceções.

Aí você assiste a uma coisa destas aqui pra tentar esquecer a limitação de terceiros. Limitação é o pior defeito que uma pessoa pode ter, não sei conviver com gente assim, sério!

Sandro Perri

Engraçado É trágico perceber como a minha vida é uma eterna luta para não andar em círculos.

sábado, 29 de setembro de 2007

Overdose de Beirut


Vídeo da música Cliquot, do novo disco do Beirut. Nesse vídeo quem canta é o Ed Droste do Grizzly Bear. E se olhar do lado direito da página, tem mais vídeos para faixas do Flying Club Cub.

Adoro ouvir esse disco e perceber o quão ele entrou na vibe do som bretão e eu sou tão viciada em música da Bretagne quanto em música cigana. Ou seja, pra mim, Zach - vulgo aquele que tem a tatuagem mais fofa do mundo - não erra nunca. Quase choro quando vejo o clipe da Un Dernier Verre, minha preferida do disco. Virou até meu novo email.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Wendy Mcneill




Dia 03 de outubro tem show da Joanna Newson do Sesc Santana. Até aí tudo bem, todo mundo a conhece e já sabe como a música dela é boa. O que eu descobri, foi que além da tocadora de harpa, no mesmo dia, tem outra apresentação, de uma tocadora de acordeão. O nome dela é Wendy Mcneill e eu me apaixonei pelo disco dela. Sou grande fã de acordeões e ela tem aquele jeito francês de tocar e cantar, a la Yann Tiersen. O disco é lindo, recomendo.

Estou mais empolgada do que nunca pro show!

Ouça algumas músicas aqui: http://www.myspace.com/wendymcneill

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Dylan Mondegreen




Não tenho conseguido fazer upload de discos, então, por enquanto, vou começar a indicar bandas, aí vocês fazem o trabalho sujo por mim.
A dessa semana foi uma indicação da própria banda, mandaram mensagem über simpática no myspace e quase caí pra trás quando ouvi as músicas. Consegui achar o disco num torrent fechado e pronto, minha felicidade estava completa. Dylan Mondegreen é o projeto de um norueguês, com uma banda de apoio competente. O som deles é simplesmente tudo que o indiepop deve ser atualmente. Já me enchi bastante daquelas bandinhas twee/indiepops com barulhinhos eletrônicos, estou em outra onda, exatamente esta daqui:

http://www.myspace.com/dylanmondegreen

Quando meus uploads voltarem a funcionar, prometo colocar o disco aqui.

domingo, 23 de setembro de 2007

Rainy Day - Rainy Day (Enigma, 1983)



Rainy Day lançou somente este disco, na verdade, o grupo é um combo de integrantes de outras bandas e se juntou só para esse projeto. Membros dos maiores expoentes do Paisley Underground - o revival psicodélico dos anos 80 da coste oeste americana - se juntaram para fazer esse disco só de versões para músicas de outros compositores. Imagina só músicos do Rain Parade, do Bangles, do Dream Syndicate, do Three O'Clock e do Opal tocando clássicos como I'll Keep It With Mine do Dylan ou I'll Be Your Mirror do Velvet. Basicamente um tributo às bandas que o Paisley reverenciava.
Ah, e no arquivo tem as capinhas scaneadas e tudo. Deletei meu arquivo antigo depois que peguei esse novo, meses atrás, muito bom! E quem fez a arte da capa foi a Kendra Smith, demais!

É um disco essencial pra quem gosta do estilo. Item básico inicial pra quem acha que entende de Paisley Underground ou pra quem quer entender. Vou relacionar as faixas que o disco contém só pra ter um idéia do que esperar.

1. I'll Keep It With Mine (Dylan)
2. John Riley (Gibson/Neff/Belamonte)
3. Flying On The Ground Is Wrong (Young)
4. Sloop John B. (traditional)
5. Soon Be Home (Townshend)
6. Holocaust (Chilton)
7. On The Way Home (Young)
8. I'll Be Your Mirror (Reed)
9. Rainy Day, Dream Away (Hendrix)
Tem duas faixas bônus que não tinham no meu arquivo antiga:
10. Alle Morgens Parties (Reed)
11. If The Sun Don't Shine (Barret)

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Angil and The Hiddentracks - Oulipo Saliva (Unique, 2007)




Descobri essa banda sem querer, gostei do nome, adorei a capa e confiei. Baixei e depois de uns dias, descompactei o arquivo, coloquei no player... quando começou a tocar, fiquei de boca aberta: quanta coisa bonita. Fui atrás de informações na hora e dei uma lida por cima no myspace deles. Uma big band fazendo pop experimental, caindo pro folk, com influências de jazz, hip hop, reggae, muitos instrumentos diferentes, um ótimo naipe de metais e um vocal delicioso com um sotaque que vai te fazendo escorregar da cadeira, devagarinho (A banda é francesa e as letras são em inglês). Preciso ouvir os outros discos deles, urgente!

É um disco pra se ouvir apaixonado. Mas não apaixonado por uma só pessoa, isso é pequeno demais para o que a banda pode te proporcionar; e as letras são bizarras demais para isso. O grande ponto é estar apaixonado por possibilidades, igual estou. Quando tudo que acontece é um caminho, uma pequena felicidade, uma luz que acende e dá calor. Quando tudo é um mar imenso de escolhas e nada está definido, mas ao mesmo tempo, temos tudo nas mãos e é só escolher. Mas, por hoje, não quero escolher, apenas sonhar com todos os caminhos, juntos, sem pensar demais. Percorrendo as catorze faixas do disco e experimentando todos os humores possíveis, para no fim, descansar.

E, como se não bastasse, ainda fizeram esse vídeo lindíssimo do primeiro single do disco (aquela mesma que me deixou boquiaberta)

P.S.: Eu tentei, por dois dias, fazer o upload deste disco e nada... Usei então o link do excelente blog bolachas grátis.

63 Crayons - Spoils for Survivors (Self-Released, 2007)




Continuarei com a psicodelia, mas desta vez o disco é de uma banda atual. Eu acompanho o 63 crayons desde o começo da carreira. Acabei conhecendo a banda, pois sou fã da gravadora Happy Happy Birthday To Me, onde eles lançaram EP e o primeiro álbum. A HHBTM é de Athens, o berço da nova psicodelia americana, então geralmente fico de olho em tudo que eles lançam.
Esse novo disco foi lançado pela banda mesmo, não sei qual foi a treta com a gravadora, mas o som deles continua sensacional.

O 63 crayons tem clara influência do som dos anos 60, com guitarras pesadas e, é claro, on acid.
"Spoils for Survivors" segue essa linha e eu recomendo a todos os fãs de Nuggets, Paisley e E6.

Além do mais, fizeram um dos melhores vídeos do ano. Link aqui.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

The Orient Express - The Orient Express (Mainstream, 1969)


Tentarei fazer resenhas mais humildes para, ao menos, atualizar esse blog com mais freqüência. Até porque a finalidade disto aqui é disponibilizar os discos e não ficar cagando regra com posts gigantescos.

O disco de hoje é de uma banda com uma história peculiar. A banda era formada por um francês, um belga e um iraniano. Todos se conheceram viajando na Europa e manifestaram o interesse em fazer um som resultante da fusão de ritmos orientais e ocidentais. A banda se mudou para Nova Iorque e depois foram para Califórnia, onde gravaram esse álbum. O disco foi lançado em 1969 e é carregado de psicodelia, com cítara, tambor egípcio, timpani e outros.

Quando ouvi esse disco, fiquei enlouquecida, é mind-blowing até não poder mais. Recomendo a qualquer um que goste de psicodelia e sonoridades diferentes. Eles me lembram um pouco a Kaleidoscope americana, em particular a segunda parte da música Seven-Ate-Sweet, que eu sou apaixonada.

Ah, o nome deste blog foi tirado de uma música desse disco, uma das mais orientais, por sinal. The Orient Express é altamente recomendável!!!!

Achei esse texto feito por um dos caras da banda:

"Guy duris was born on the left bank. He was raised in heady french sunshine, and matured in the halls of european culture. He's a modern ministrel,he wanderedand sang his songs, and began a romance whith the ancient Arabic guitar, the oud. Journeying eastward,his music turned to the east. In iran, he met Farshid Golesorkhi, the scion of a respected persian family.farshid, decorated by the shah of iran for this drumming, felt that eastern rhythms could be applied to western music. He found an eager co-experimenter in Guy. Together they traveled -Guy with his guitar and oud." Guy Duris

domingo, 16 de setembro de 2007

Sandro Perri - Tiny Mirrors (Constellation, 2007)


Costumo pensar em como seria um disco ideal de música cancioneira brasileira feito nesta década. Nenhuma dessas cantoras da nova safra da mpb-cool-moderna me agradam, acho todas monótonas e insípidas. Muita pose, muito fashionismo, muito déjà-vu; pouca alma, pouca sinceridade, pouca inspiração. Da parte masculina, então, tirando o Rómulo Fróes, desconheço qualquer que valha a pena analisar. Invariavelmente, me frustro, e acabo deixando de lado a esperança de ver o que idealizo.

Eis que chega a mim o disco de estréia do Sandro Perri, Tiny Mirrors. Não precisei ouvir mais de duas músicas para sentir que estava diante de uma das melhores surpresas de 2007. Sandro Perri é mais conhecido por seu outro projeto, Polmo Polpo. Ambos são da Constellation Records, mas o Polmo Polpo é bem mais típico da gravadora: cinzento, experimental e sem vocais. Uma prévia desse novo projeto foi o EP Sandro Perri: Plays Polmo Polpo, onde ele adicionou vocais à antigas músicas e deixou-as com um sabor mais digerível.

Tiny Mirrors é tudo aquilo que eu imaginava que um novo disco perfeito de mpb deveria ser. Não é cheio de complexidades, pelo contrário, soa simples demais. Tão simples, que possivelmente exigiu um trabalho muito maior para poder alcançar essa simplicidade arrojada. O único problema é que Sandro não é brasileiro, mas canadense e canta em inglês, elementar. Devo ficar triste por isso? Não! Que venham mais Sandros, australianos, finlandeses ou russos. Algo tem que compensar essa fase ruim da música brasileira atual, que vive de seus fantasmas gloriosos e não desgarra de suas cinzas.

O disco é perfeito para ser ouvido do início ao fim, sem perder nada de sua delicadeza e melancolia. Eu ouço "You're the one" e penso que poderia facilmente ter sido feita por Lô Borges. Tente você mesmo e ouça "Family Tree", "Love is Real" ou "The Drums" e perceba se consegue não pensar em algum compositor brasileiro correspondente a cada uma delas.

Sandro tomou um vidro de melado dos bons e deixou a acidez do Polmo Polpo de lado, por um tempo, pra criar um dos mais bonitos discos lançados neste ano. Quem ganhou fui eu!

sábado, 15 de setembro de 2007

VA - Devla Folklore - Gipsy Trad-folk & Fusion


Coleta de música cigana. A primeira e principal parte é composta de músicas de grupos com integrantes ciganos, de vários países. Já a segunda parte, ou faixas bônus, são algumas bandas muito novas, sem ligação qualquer com o povo cigano, mas que fazem música claramente influenciada por esses ritmos. Ah, só pra esclarecer, caso alguém fique curioso, "devla" significa deus em romani, lígua dos ciganos. Coloquei abaixo uma pequena explicação de cada artista.


Tracklisting & Info:
01. Gipsy Star & Mitsou - Nora Luca
Música tirada da trilha do filme "Gadjo Dilo", do Tony Gatlif. A Mitsou é uma das cantoras mais famosas ciganas e das mais jovens. Sua voz é muito particular e não é fácil de digerir. Da Hungria.
02. Goran Bregovic - Ederlezi
Esta música é um grande clássico da música cigana, pelo menos para os ocidentais. Goran ficou muito conhecido por trabalhar em trilhas do cineasta Emir Kusturica. Da Bósnia-Herzegovina.
03. Vangelis Vasiliou - Pranvera
Música tirada da coletânea "Rough Guide - Balkan Gipsies", disco essencial pra quem se interessar pelo estilo. É um compositor obscuro, quase impossível obter informações sobre ele. Da Albânia.
04. Acquaragia Drom - Musikanti
Um trio com ascendência cigana. Costumavam tocar em casamentos e festas e hoje são premiados pela crítica. Da Itália.
05. Harmonia Ensemble & Kočani Orkestar - Circe
Harmonia Ensenble é um grupo que faz releituras de compositores modernos como Zappa e Beatles, além de músicas de jazz e étnicas. Da Itália.
A Kocani Orkestar é uma "brass-band" super famosinha no meio "indie-cool". Vinda da cidade de Kočani, faz uma mistura de ritmos ciganos dos balcãs com música turca e timbres latinos. Uma música deles foi usada no Borat. Da Macedônia.
06. Taraf De Haïdouks - Tiganeasca
Grupo tradicional e muito respeitado na cena musical cigana. São conhecido também pelo nome Taraful Haiducilor que significa algo como "grupo de bandoleiros". É um grupo grande, com mais de 10 integrantes e contabilizam algumas aparições em filmes. Da Romênia.
07. Kal - [VA - Devla Folklore - Mozzarella
Kal é uma banda que faz música com fortes influências ciganas, mas com características marcantes do rock'n'roll. Estavam até no Roskilde desse ano. Da Sérvia.
08. Esma Redžepova, Stevo Teodosievski - Kerta Mange
Música tirada da coletânea "Gipsy Queens - Flammes du Coeur", disco duplo só com divas da música cigana do mundo. Esma deve ser a cantora cigana mais famosa atualmente, é ela quem ilustra a capa da coletânea (foto antigaça, ela tá bizarrona hoje em dia). Qualquer coletânea que se preze, tem uma música dela. Da Macedônia.
09. Ivo Papasov - Veseli Zborni
Genial clarinetista de origem cigana, cuja família toca o mesmo instrumento há gerações. Costuma improvisar, como um músico de jazz, com sua orquestra. Foi preso pelo governo na decada de 80. Da Bulgária.
10. Dzansever; Ensemble Jusni Express - So Simela Ksmeti
Outra música tirada do "Gipsy Queens - Flammes du Coeur". Esta faixa é bem particular, bastante oriental, até para padrões ciganos. Dzansever é uma cantora bem andrógina e atípica. Da Turquia.
11. Boris Kovač & Ladaaba Orchestra - Broken Waltz
Mais um compositor que lidera uma orquestra, ou melhor um chamber group. Sua música é uma fusão de rumba, tango e outros ritmos excêntricos. Da Sérvia.
12. Goran Ivanovic Group - Episodes From a Village Dance
O violonista Goran Ivanovic e seu quarteto combinam música clássica e jazz com ritmos dos balcãs. Da Croácia.
13. Petre Badea, Rona Hartner, Valentin Rotary - Disparaitra
Mais uma música da trilha do "Gadjo Dilo". Umas das músicas ciganas mais belas que já ouvi. Ela conta a dipersão dos ciganos pelo mundo, em quatro línguas, ao mesmo tempo. Da Romênia.

Bonus Tracks
14. A Hawk And A Hacksaw - Ihabibi
Banda de Albuquerque, Novo México, formada por ex-membros do Neutral Milk Hotel. Soam tão ciganos que é difícil acreditar que seus integrantes são jovens americanos. Basicamente uma emulação de uma brass-band cigana.
15. DeVotchka - Such A Lovely Thing
Quarteto que mistura, entre outras coisas, música cigana, bolero e ritmos latinos. A banda é de Denver, Colorado. Ficaram relativamente conhecidos depois de participarem da trilha do filme "Little Miss Sunshine".
16. Alaska in Winter - Balkan Low Rider Anthem
Lançaram o debut esse ano com a participação do Zach Condon (Beirut) e Heather Trost (AHAAH). Conseguiram inovar, usando ritmos ciganos com soft eletrônica. Li uma boa comparação feita do som deles: Balcãs + Junior Boys. Também de Albuquerque, Novo México.
17. Beirut - Interior of a Dutch House
Beirut é Zach Condon, menino de 21 anos, absurdamente talentoso, com uma voz marcante. É de Santa Fé e já lançou dois discos. O Beirut tem fortes características de brass-band, mas com a voz de Zach - muito mais pro lado francês da música - o som adquire novos e não usuais resultados.